8 de mar. de 2011

iii

Prefiro pensar que tudo isso que eu sinto aqui dentro se chama indigestão, e não solidão.
A cela está aberta, mas agora sou eu quem não quer sair. 
Eu fico mais velho, mas ao invés de aumentar pareço diminuir. 
Um dia vou ser tão pequeno que, no meio dos seus lençóis ele irá me esmagar. 
Eu gostaria de saber se ele continuaria me amando depois de reduzido a uma pasta de ossos e sangue. 
Aí eu gritei pra um céu, que de tão grande eu pensei que poderia ser meu amigo. 
E como todos aqueles que um dia eu pensei terem sido meus amigos, um dia eu acordei e o céu não estava mais lá.
As janelas estão todas quebradas. 
A parede mostra os sinais do desgaste.
No pátio a poeira se acumula, com as teias e os insetos mortos.
-A casa está desmoronando - eu disse pra minha mãe sobre a casa.
Ela respondeu que não tem tempo nem paciência pra arrumar tudo.
Fiquei com medo de dizer que eu também estou.  

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